quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Quando eu falei com meu eu interior




Alguém me acompanha fielmente. E assiste meus atos com compreensão, ou com certa decepção. É quem me provoca a culpa insuportável. Quem não permite que eu pare, quem me sacode quando me acomodo. E fica escondida, sorrateira, silenciosa. Sabe ela que não a escuto com tanta facilidade. Somente quando a desilusão é insuportável eu a procuro. Bem, aí lá está ela, pronta para me abraçar, pronta para me... reencontrar com um sorriso e trazer um pouco da luz que há no lugar de onde ela vem. Lá está ela, quem me leva para um passeio pelas formas da natureza, trás a calma, a compreensão, e me põe para dormir. Revê-la me lembra a infância, a alegria que eu reconhecia em todas as coisas, a naturalidade com que eu agia. Ela é meu eu interior, meu espírito, meu guia. Assiste com paciência as aventuras que vivo como personalidade, e somente quando abro os olhos para além do ego, ela consegue me ajudar a seguir. Ela me leva para ver o mar, nos momentos de dor e ri com carinho do meu sofrimento ilusório pelas circunstâncias. Rs, ela ri. Principalmente quando me olho no espelho e tanto me identifico com a forma. Mas ela não julga, só compreende, pois não é feita de nada que tenha posição-alguma. E diz que sou ainda tão imatura, mas que vamos juntas amadurecer pelos caminhos da existência e isso me anima. Diz que estamos conhecendo Deus. Diz também que vai me levar para conhecer e experimentar tudo, que viverei alegrias, sensações, dores terríveis, mas ela sempre fará com que cada experiência se torne um aprendizado. Fala também que o aprendizado nos aproximará até que sejamos uma só... esse é o processo de auto-conhecimento.
obs: a referência á "ela" é apenas figurativa, pois não possui sexualidade.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Caindo no fundo

Mas e quanto àquele momento, aquele dia do ano, aquele ano da vida, aquela hora do dia, aquele instante do minuto ou aquele minuto da hora, em que o vazio preencheu todo o seu ser. Aquele momento em que você se assustou porque derrepende não sabia mais o que estava fazendo ali. Aquele momento em que todas as suas máscaras caíram e você se perdeu dentro de sí mesmo, sem conseguir se agarrar a nada e com as mãos totalmente atadas. E foi até o fundo de tal forma, que naquele momento nem a ilusão mais sedutora foi suficiente para voltar a dar sentido a sua identidade e por este momento você praticamente morreu por dentro... você não sentiu fome, sede, vontade de beber, vontade de sair, vontade de ficar, vontade de ser. Você simplismente não conseguiu se agarrar a nada novamente. Caiu em um abismo muito escuro e ficou indiferente, olhou para todas as relações humanas e achou inútil, para todos os prazeres e os percebeu vazios, olhou para todas as atividades do seu dia e nada foi suficiente para justificar sua estadia por aqui. Desculpe mas, seja bem vindo. Desculpe mas, este é você, sem todas as construções mentais que já fez. Se não souber lidar, cai em depressão. Se deixar, será como uma janela que abriu muito pouco, quase nada e sem querer acabou deixando um raio de Sol entrar.
Momento em que se sente engolir um espinho. O corpo luta, o coração soluça. As mãos tremem. Os olhos vagam. A respiração divaga. As palavras das pessoas não soam. Eu me pergunto... quem eu encontrei nestes momentos, quem era ela. E quem é essa que vive fugindo e o que se deve fazer se a única coisa que se deseja é o nada. Tem gente que vive isso em um segundo, tem gente que durante anos.
Eu sento e espero.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Enchendo o saco de lixo ao longo da vida

Eu vou andando e recolhendo coisas para criar minha identidade, por isso cada passo é mais pesado que o outro... Eu crio indentidades por toda parte. Quando eu olho eu já mal consigo ver... eu só tiro das experiências o que eu posso levar para acumular à minha grande identidade. Identidade virtual, identidade de consumo, identidade de festa. Vamos ficando cada vez mais pesados e o mundo vai se transformando em algo que podemos acumular. Acumulamos as pessoas de nossos relacionamentos, acumulamos nossas melhores piadas.
Até que chega aquele ponto em que já não se consegue mais ver nada como realmente é. O que você sabe vira uma teia de conexões que você foi enfiando guela a baixo... e o que você vê é o reflexo do lixo que tem dentro do estômago. Não consegue mais refletir, não consegue mais questionar... faz assimilações rápidas demais com a baboseira que assistiu na TV ou que seus amigos falaram. Tudo que vê você diminui, você caga. O mundo passa por você como se você fosse um moedor de carne.Você se tornou o acúmulo de um monte de lixo mal organizado e está sujando o mundo... Eu preciso limpar isso antes de querer lidar com qualquer coisa, eu preciso limpar [...]

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Tempo


Se ele existe? Entre a noite e o dia sim. Eu tento impedi-lo de vir, mas o dia clareia e confessa meu despertador. A vida em algum momento torna-se apenas a busca por um tempo vazio para tomar um caldo de cana. Utilidade temporal -> para o capitalismo nos cansar de tempo cheio para que não consigamos refletir em nosso tempo vazio. Desejo eu que quando o tempo me encontre na esquina eu esteja andando pelo meio fio e fique surpresa ao encontrá-lo. Que eu não esteja o esperando. Que ele passe por mim tentando se exibir e eu esteja ocupada. Que o que me preocupe no tempo seja o contratempo do reggae: para levantar o joelho.

Hitler se matou. Mas o tempo tomou seu lugar. Viva o dia em que o tempo se ajustará como nos ajustamos. Um dia bem. Um dia com dor de barriga. Um dia de Sol, um dia de chuva. Instável como nós somos.

Tempo é o ônibus na viagem por dentro de Deus. A placa diz: "Fundo do poço, mar de rosas, parada final: evolução". É a água que começa a bater na bunda, também.

Ele é a sequência dos meus movimentos dentro de uma música. Eu fiz uma coisa só e foi o tempo que separou tudo isso em segundos iguais, por conta dele alguém pôde ver. o.o. Limitação na carne para nos proteger de nós mesmos... para que não permaneçamos para sempre na ignorância... óleo que unta a forma, para que o bolo não grude* . Rampa que desce, para que subamos, rampa que sobe, para que desçamos. Dia cheio para que aproveitemos o find. Tempo é a possibilidade de materializar nossos infernos e céus e experimentar deles. Quadro onde imprimimos o que somos. Não não. Na verdade ele não nos aprisiona. Nossos olhos é que o fazem aprisionador, ou não. Ele nos leva para dentro. Tudo nos leva para dentro...

Essas palavras por exemplo, ficam catalogadas aqui, mas são construções de séculos de existência. É o tempo que materializa ~aqui~ tudo que existe no ~todo~, a limitação é que ele só mostra conforme podemos ver. (?)

sexta-feira, 3 de junho de 2011

A perda da inspiração ocorrente

Ontem eu me lembrei de quando andava de bicicleta pelas ruas, sem ter certeza
de um lugar para ir. Eu quase havia esquecido que ainda existia alguém dentro de mim que ainda interagia com a vida a sua volta, que olhava e via, que escutava e ouvia, que dizia e sentia. Eu quase esqueci, na verdade foi por bem pouco... Não sei, essa rotina, sempre projetada para algo... O fato das pessoas não fazerem o que gostam na maior parte das suas vidas, PORÉM, sempre por um bom motivo (essa é boa), afinal elas esperam o grande dia, o grande dia. Conversei com um velho amigo sobre as coisas mais complicadas da vida. Trabalho, instinto. Por isso eu me lembrei das velhas amizades, as que não eram projetadas por interesses futuros. Lembrei de como era fácil viver um bom momento. Entendi que tenho que tomar cuidado. Se dedicar sim pelo seu projeto de vida, mas sempre no que você pode fazer agora.
Nós dançarinos conhecemos bem isso, quando perdemos a nossa inspiração pela aspiração de ser melhor. Quando o objetivo torna-se mais importante que o caminho. Mas o caminho é a única coisa que existe. E nisso de só pensar no objetivo, é que perdemos a inspiração. O objetivo é a única coisa, quase se esquece por que você quer alcançá-lo. Pelo amor? Por missão? Por afinidade? Lá se foi a inspiração por que você não sabe mais porque faz o que faz.
Enfim...

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Transmissão dimensional do tempo

A flor abriu hoje. Sem saber porém, se no momento seguinte seria bruscamente pisoteada. Não temeu ela, que uma abelha roubasse seu doce, abriu mesmo sem saber se a chuva demoraria, ela secaria, e morreria. Abriu, coloriu, perfumou. Abriu sem saber se seria útil que ela abrisse, abriu sem saber se alguém estava olhando. Abriu sem saber se um fotógrafo a notaria e a transformaria em uma celebridade. Abriu sem saber se seria devorada por um dinossauro vegetariano. Ingénua gastou todas as suas forças para abrir essa manhã, sem saber porque. Abriu para quem? Para quê? Não se sabe. Abriu sem garantias.

O sol nasceu hoje. Sem saber porém, se no momento seguinte seria estocado pelas nuvens. Não temeu ele que a lua lhe provocasse um eclipse? Não temeu que estivéssemos ocupados demais para notá-lo? Não temeu que não queríamos seu calor. Nasceu sem saber porque, iluminou como nunca se viu sem saber se desejávamos que viesse o dia. Não se entende.

E e eu acordei hoje. Sem saber se o sol nasceu, se a flor abriu. Acordei cedo, para que um dia eu possa dormir mais. Fui trabalhar, para que um dia eu possa trabalhar menos. Fui estudar, para que um dia eu saiba tudo. Comi, para que um dia me alimentasse bem. Escovei os dentes para que um dia eles não caiam. Caminhei para um dia poder andar de carro. Tudo que eu fiz eu sei porque. Fiz pelo futuro. O que não sobrou foi um tempo para fazer algo que seja para agora. Quando afinal chega esse tempo para o qual estamos nos sacrificando tanto. (??? )

Estranho fenómeno de transmissão dimensional de tempo. (!!!)

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O vazio te impulsiona


Nem sei mais o que queremos... Só tenho certeza que queremos algo, sempre. É o constante retorno da insatisfação, confundida com necessidade.
Nas brechas entre tantas ocupações, entre as situações passageiras, há um vazio profundo... quem é que consegue lidar com isso... mal posso suportá-lo, quando ele vem planejo meu próximo desejo com ansiedade. Mas, o vazio é um alerta, porque todas as coisas caminham para a evolução, e o vazio te impulsiona para ela, mais cedo ou mais tarde...
Todos os caminhos escolhidos pelas pessoas, a dor que causam, o sofrimento que experimentam... mal sabem elas que procuram a mesma coisa.
Não me julgo mais, nem aos outros... Somos pobres escravos das circunstâncias, tudo que vemos está distorcido e pré-julgado, somos a maior vítima de nós mesmos... quem é que pode julgar...
Mas também somos todos caminhantes, aceitemos ou não, impulsionados ou acomodados, destinados à evolução, e esse vazio, que sempre retorna depois de tanto esforço... ele não vai te deixar parar... não vai deixar...

Parecer é mais importante que ser


Hoje em dia a felicidade para a sociedade significa parecer feliz. O que você é não importa, parecer, é a filosofia, a religião, a lei da nossa sociedade. Em tantos papéis que devemos cumprir, em tantas imagens que temos de parecer, a identificação com a vida externa só pode nos levar mesmo à loucura. Se quando você parar não conseguir escutar mais nada em sua mente que não seja projeções do futuro e do passado, coisas que ainda tem que ser, se quando parar não conseguir aguentar o silêncio e conviver consigo mesmo, é sinal de que você já está louco. Absurdo? Não é loucura viver mais em outros tempos do que no tempo presente, não é loucura fugir o tempo todo da sua realidade? Rs, é como viver em um jogo, e nunca conseguir sair dele.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Quando se resolve dizer: "porque?"

Até que chega uma hora que você se pergunta, porque? Você é o mestre (de sí mesmo) que soltou a corda, em plena correnteza, para ver aonde iria chegar. Você acabou de quebrar o fluxo vicioso, você pegou o caminho contrário, você saiu da fila . E não importa que respostas você encontrar para suas questões, a sua base deve ser questionar, porque as verdadeiras respostas não virão de fora, virão através do espaço vazio que a pergunta deixou, virá de dentro de você e você a reconhecerá fora. Você a relembrará, porque você é a prova do que a verdade é, e se, resolver se voltar para dentro, descobrirá que é o melhor objeto de estudo para chegar a ela.
14 fevereiro de 2011

Natureza


A natureza em si é perfeita. A água é suave, se adapta a qualquer coisa, e mesmo assim derrota a pedra. As flores são simples e diante do vento que parece querer arrancá-las do solo, exalam um maravilhoso perfume. Os animais fitam a natureza no silêncio, não se apegam a remorsos no passado, vivem a sua vida respeitando o equilíbrio com perfeição, como nós tão inteligentes que somos, nunca conseguimos.
No silêncio entre o extâse e a tristeza, onde a natureza vibra e cria, é de onde viemos, e é lá que está a resposta para como devemos viver. O homem procura tanto em sua razão, em suas teorias, no espaço, sei lá onde, mas não observa sua natureza, não escuta sua própria natureza e ela tenta nos falar o tempo todo...
1 fevereiro de 2011

Plenitude


Imagino uma vida plena... Onde tudo possa ser como é. 
A vida fluindo como um rio que toma seu rumo e cada momento sendo a realização em si e não mais um meio para atingir uma meta.
As pessoas abraçando o que elas têm, e acreditando que são perfeitas do jeito que são.
Imagino quando não será mais importante ensinar milhares de respostas às crianças, será ensinado a questionar. Não será mais necessário parecer algo, porque as pessoas terão sua auto-estima no lugar certo, entenderão que são mais do aparentam e julgarão além do que vêem com os olhos... As pessoas se enxergarão e terão coragem de se olhar nos olhos e conversar mesmo sem se conhecer, a cultura não será mais baseada no medo, e as coisas em que pensarmos, serão as coisas que estão acontecendo nesse momento. As pessoas vão conhecer seu verdadeiro potencial, e fazer coisas incríveis.
E todos vão ter tudo, porque precisarão de pouco.

Independente do teu dia-a-dia, guarda no coração o que você quer, e tenha fé.
Aquilo que ocupa nosso pensamento, acaba de se criar em algum lugar e logo se materializará.