quarta-feira, 5 de março de 2014

Ando voltando sozinha

Sim, eu voltei sozinha ontem a noite. É ando voltando sozinha de madrugada, de ônibus, de moto taxi, mas quase sempre de carona com alguém diferente. É, as vezes me dá uma sensação de liberdade. Sabe, aquela umidade matinal, as pessoas indo trabalhar e eu nem dormido ainda. Me sinto abandonada, e isso é delicioso, porque me sinto totalmente livre assim: abandonada. Um abandonado não tem nada a perder, nem alguém a sua espera que possa reclamar seu atraso, nem espera ninguém, pois cá está com suas duas pernas. O dia virado, um coração desbaratinado e repleto de liberdade e solidão. Solidão será o preço da liberdade? Fiquei intima de mim, passamos horas loucas elocubrando agora, tanto que não me acredito as vezes e tem vezes em que não consigo me aguentar. Tento ser sempre autêntica e esta atitude aos poucos está me levando a parecer meio louca, e desejar mais dessa aparência. Liberdade dá sensação de loucura, a loucura parece uma solidão dilatada. Estou suportanto menos as companhias, estou insuportando pessoas pesadas, que além dos braços carregam um monte de aparências. Estou tentando ser paciente com elas e comigo. Estou quase viciada em ficar só, estou quase abandonando as palavras. A pior dor é a de falar tanto e não dizer nada. Isso destrói meu coração. Estou apreciando o silencio tanto quanto um espelho. Tanto tempo sozinha que quase não tenho o que projetar e isto me aliviou as costas. Estou aprendendo a escutar e quase não tenho o que falar. Eu cultivo minha insanidade, pois ela é a coisa mais verdadeira em mim. Estou me transparentando para que o mundo passe por mim e sobreviva, estou poupando as pessoas e as coisas a meu reduzimento. Acho que estou feliz.

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